3 de novembro de 2011

Comunicar para estigmatizar ou para Libertar?




A juventude vive diariamente uma exposição televisiva que tenta categorizá-la como problema para a sociedade. O problema é que não tomamos consciência que é essa juventude quem mais sente a violência, enquanto vitimas ou protagonistas da exposição diária apresentada nos noticiários da TV, comumente associada a uma imagem negativa. 

O que a mídia cearense deveria aprofundar é o entendimento do que leva a uma sociedade, a exemplo da fortalezense, a viver uma situação diária de violência, antes de utilizar esses casos simplesmente como recurso de audiência. Os veículos de comunicação deveriam estimular a reflexão social de dados como os seguintes, apontados pela pesquisa Retratos da Fortaleza Jovem que diz que 56,7 % dos jovens de Fortaleza já perderam amigos ou parentes em mortes violentas e trágicas. Essa juventude vitimizada pela violência, como aponta a pesquisa, é essencialmente negra, pobre e do sexo masculino, ainda que tenhamos muitos casos de violência doméstica contra as mulheres jovens. É preciso entender que a simples exposição desses casos, sem a mínima reflexão ou aferição, novamente vitima a juventude, uma agressão com dotes de crueldade, injusta (do ponto de vista legal) e estereotipada, muito comum aos “programas policiais”. Nem o Estatuto da Criança de do Adolescente – ECA, é respeitado, no que diz, nas disposições preliminares do Art. 5º, que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.

Nesse sentido, expressamos mais uma vez à sociedade e aos órgãos públicos e privados relacionados ao campo da comunicação, nossa preocupação com o conteúdo dos programas policiais veiculados sistematicamente em nossa capital, que servem como instrumento para estigmatizar jovens. Ao invés de colaborarem com a solução do problema da violência, acabam por dificultar as estratégias de "re-inserção", praticadas na ação da sociedade civil organizada e dos governos.

Portanto, a juventude organizada de Fortaleza repudia essa apresentação deprimente do grupo e enquanto Conselho Municipal de Juventude – CMJ continuará buscando impulsionar transformações sociais coletivas e individuais na vida dos (as) jovens de nossa cidade, a partir da implementação das políticas publicas de juventude.

Com efeito, lançamos essa nota como forma de alertar os Programas de TV Policiais e autoridades competentes, com o intuito, de debater o tema “Juventude e Segurança Pública em Fortaleza”, combatendo formas de extermínio televisivo, tendo em vista a construção de uma postura transformadora frente ao problema.

Precisamos trabalhar numa ação conjunta: sociedade civil, poder público e veículos de comunicação para diminuição da letalidade juvenil. O primeiro passo para essa transformação é a valorização da juventude nos espaços midiáticos, assim como a inclusão destes como parceiros na divulgação dos seus trabalhos e ações, para a efetivação de fato, de sua apresentação enquanto sujeitos e cidadãos.


                                          Conselho Municipal de Juventude de Fortaleza

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